15/03/2010

[Arte] Andy Warhol, Mr. America

Pela primeira vez no Brasil a exposição do artista ícone da pop art estará na capital paulista. As datas ainda não estão definidas. São 168 peças de Andy Warhol a disposição do público na Estação Pinacoteca de São Paulo.

Atualmente a exposição esteve recentemente em cartaz no Malba (Museu de Arte Latino Americano de Buenos Aires), na Argentina.

Marilyn
Quem é Andy Warhol?
O Chique e Ordinário aproveitou a exposição do artista ao país para falar um pouco do seu trabalho e o porquê dele ser considerado o “Mr. América”.
Andy Warhol foi a encarnação do sonho americano. Contribuiu para mudar nossa maneira de ver o mundo e construiu, com Picasso e Dalí, a tríade de gênios indiscutíveis do século XX.
No inicio dos anos 60, a arte americana por excelência era o Expressionismo Abstrato, que tinha sido difundido por todas as partes. Durante essa década as novas gerações deixaram para trás os duros anos da Depressão, após o “crack de 29”, e a amarga recordação da pobreza era compensada com o consumismo que oferecia a nova e atraente sociedade. Nascia assim o culto ao bem-estar e ao hedonismo: nascia a cultura pop.
Elvis
A Factory
Warhol criou uma coisa sem precedentes no mundo da cultura: a Factory. Era, pois, seu ateliê; algo fascinante e prodigioso, com um ambiente caótico, em meio ao qual o artista trabalhava sem parar.
O local era grande e sua ambientação era muito especial: era decorado com móveis velhos recolhidos da rua, e tudo estava pintado de prata, havia espelhos que lançavam reflexos prateados por todas as paredes e toca-discos, que não parava de tocar rock.
O espírito dos anos 60 tinha se transformado: tratava-se de se divertir, contracultura, amor livre, drogas, sucesso, festas, o mundo das superestrelas, a vida noturna e todo o underground.
Capa do álbum do Velvet Underground

A revolução iconográfica e técnica.
A iconografia de Warhol baseou-se em imagens de consumo popular, foram produtos comerciais, do cinema ou de conteúdos violentos dos meios de comunicação, e o tratamento da cor também era diferente. Naturalmente, se escolhia como imagem pictórica um produto como Coca-Cola ou sopa Campbell’s.
Lata de Sopa Campbell's

Quando Warhol fez sua primeira exposição de latas de sopa Campbell numa galeria, o mundo da arte estremeceu escandalizado. À primeira vista, não é mais do que uma lata de sopa, mas é a sopa preferida de todos os americanos, e também de Warhol. Por isso, a lata contém acondicionado, o mais díspar: ternura e ironia. Ternura, pelas lembranças da infância; ironia, pela visão que o artista dava da nova sociedade: tudo pronto para ser consumido.

Grande Coca-Cola

Para Warhol, a Coca-Cola era um símbolo de igualdade social. Dizia: “Pode-se estar olhando a televisão e vendo Coca-Cola e saber que o presidente bebe Coca-Cola, que Liz Taylor bebe Coca-Cola e, pense bem, você também pode beber Coca-Cola”. Na obra, a composição ficou interessante, porque com a representação parcial da marca, parece um enquadramento fotográfico.


A Reptição, o mais americano

Warhol introduziu em sua obra a repetição como discurso. Dizia: “A idéia da América é tão maravilhosa porque, quanto mais igual algo é, mais americano é”. E, com essa idéia aparentemente simples, dotava sua obra de uma mensagem do tipo sociológico, sem renunciar à ambigüidade da qual tantas vezes se orgulhou, pois foi muito hábil na utilização do duplo sentido. A repetição também é uma metáfora da massificação.

16 Jackies

Marilyn
Mao
Auto Retrato A. Warhol

Mortes e Desastres
Warhol polemizou por causa dessa série sobre os desastres, a violência e a morte. Nela, fez referência a acidentes de tráfego, distúrbios raciais, bomba nuclear e pena de morte, e ainda que não se considerasse um crítico social, suas obras foram das mais críticas desses anos. Eram subversivas suas imagens sobre a pena de morte, com a cadeira elétrica como protagonista. Outra de suas obras agressivas foi dedicada ao problema racial nos EUA, referindo a cena, já famosa, d”os cachorros de Birmingham”. Com isso Warhol mostrou a todos as profundas cicatrizes no tecido social daquele país que todos desejavam.
Disaster: Eletric Chairs
Liz Taylor
Os quadros que Warhol fez da atriz também fazem parte da série sobre a morte, porque o fez em um momento que ela estava muito doente.

O Cinema Underground
Com sua habitual ironia, dizia que ele fazia cinema porque era mais fácil do que pintar, e porque a câmera fazia sozinha – ele apertava um botão e ela andava. Com seus filmes recriou a história do cinema, fazendo desde filmes minimalistas até outros muito mais complexos. O realismo desses filmes e o polêmico conteúdo tornaram-no um importante cineasta, ainda que em sua época muitos críticos tenham avaliado seus filmes como muito ruins.
Foto: Warhol atrás de sua câmera
Em seus primeiros filmes, propunha ações mínimas da vida cotidiana, sem narração nem momentos privilegiados, para construir e concluir uma história. São filmes minimalistas que parecem estar sendo filmados em tempo real; porém essa realidade não é mais do que aparente.
Logo foi fazendo coisas mais complicadas. Para ele o mais importante era uma atividade improvisada, como se tratasse de uma performance.
O filme Chelsea Girls foi o de mais sucesso de Warhol. Foi considerado pelos especialistas como um dos filmes mais importantes dos anos 60. Nele se propõe o tema das drogas e da homossexualidade, em várias narrações independentes entre si.
Cartaz Chelsea Girls
Duplo Marlon
Ícone masculino da época, vencedor do Oscar em 1954. Imagem do filme O Selvagem.

Enfim, a brilhante inteligência de Warhol não se manifestou só em sua obra, mas também na máscara irônica na qual se refugiou.
“Quando morrer, não quero deixar restos, quero desaparecer”, disse. Desapareceu quando só tinha 58 anos, em 22 de fevereiro de 1987, no dia seguinte a uma simples intervenção de vesícula.
Ironizou inclusive sobre a morte, gostaria que dissessem: “Não morreu, desapareceu”, ou: “Me agrada a idéia de que nos tornamos pó ou areia, mas seria fantástico reencarnar numa grande pedra preciosa em um anel no dedo de Elizabeth Taylor”.
Warhol desapareceu, mas não sua controvertida obra, que teve uma enorme importância no desenvolvimento da arte no século XX.
Pra você que não conhecia nada sobre Andy Warhol e Pop Art, essa é a oportunidade de ler algo sobre. Comente e Reaja de qualquer forma.
Abaixo um dos filmes minimalistas de Warhol: Andy Warhol Eats a Hamburger

Texto: Warhol, Gênios da Arte
Por: mariah

7 comentários:

Thainá disse...

Warhol é incrível *-*
aquele filme dele comendo um hamburger é genial, tu podia ter colocado ele seria legal ver aqui ^^

mas fico muito legal o post :)

mariah disse...

Menine que bom que tu lembrou, vou por

Anônimo disse...

Exposições desse nível só acontecem em São Paulo mesmo :/
Mas estou me contentando com as exposições de artistas nacionais na minha cidade :)

Myrian disse...

"não morreu, desapareceu" e "A repetição também é uma metáfora da massificação."
achei digno (:

Isadora Carvalho disse...

Post super interessante. Já me arrisquei a assistir alguns filmes dele. :D Mas falou em Andy W. me vem logo Factory Girl na cabeça. Escolha perfeita para o papel dele e Sienna ficou linda de Edie. +_+
Deixei selinho pra você lá no blog.

http://tiffanybox.blogspot.com/

-megumi- 382 disse...

Meu amigo foi na exposição, e deixou no nick dele que todo mundo deferia ir por que é DIGNISSIMA !
Quero ir agora, comofas? T---T

Mto bom o post mariah :)
<33
Vou fuçar na vida dele agora [?]
<3

ideias vestíveis disse...

Warhol é gênio ;D
uma pena é que eu more longe e não possa ir a exposição =~~