Mesmo que não reivindique o status de artista propriamente dito, Yohji, por meio de sua visão da roupa mostra-se particularmente sensível às correntes de sua época.
Revolucionando todos os seus códigos de sedução. Revendo seus sinais exteriores de riqueza. Redefinindo sua relação com o corpo do homem ou da mulher. Para objetivar, de uma forma radicalmente diferente e sob a incompreensão quase geral, a relação que se estabelece entre o belo e o feio, o antigo e o futuro, a memória e a modernidade.
O negro, "sombra final e silhueta de tudo", continua a ser a melhor arma desse questionamento. Verdadeiro elogio da sombra, as coleções de Yamamoto envolvem a silhueta em mistério.Homem de negócios e criador – mesmo afirmando que o dinheiro não o interessa – Yohji Yamamoto está à frente de oito sociedades. E agora sua mãe trabalha com ele.
“Se a moda é a roupa, ela não é indispensável. E se a moda é uma maneira de perceber o nosso cotidiano, então ela é muito mais importante. Dentre tudo que se chama arte – pintura, escultura, etc. -, poucas podem, como a moda ou a música, influenciar tão diretamente as pessoas. A moda é uma comunicação única, essencial, relativa a sensações vividas por uma geração que usa a roupa que quiser”, declara Yohji, o mais sábio dos criadores de moda.
“Fazer uma roupa significa pensar nas pessoas. Tenho sempre vontade de encontrar com as pessoas e falar com elas. Isso me interessa mais do que tudo. Em seguida, posso começar a trabalhar. Começo pelo tecido, pelo material. Depois passo à forma, me transporto em pensamento para a forma que ela deve assumir”.
Em 1989, o diretor alemão Wim Wenders lhe consagra um longa-metragem.
Identidade de Nós Mesmos.
O cineasta Wim Wenders e Yohji
Ao longo dessa investigação cinematográfica, Wim Wenders percebe um paradoxo no trabalho de Yohji: “o que ele cria é necessariamente efêmero, vítima do consumo imediato e voraz que é a regra do seu jogo”. Ao mesmo tempo, Yohji se inspirava em referências históricas de outra época, fundamenta suas criações em fotografias antigas, como a do alemão August Sander.
Fotos de August Sander
A simetria - símbolo da perfeição – não é muito humana. É precisamente no humano que o mestre das tesouras e dos tecidos busca sua referências. Na roupa de trabalho usada, por exemplo, por centenas de modelos anônimos – das fotos de August Sander.
“O objeto perfeitamente simétrico, mesmo quando é um ser humano, não é bonito, para mim. Tudo deveria ser assimétrico”.
“O estilo pode se tornar uma prisão, uma sala de espelhos onde você só consegue se espelhar e se imitar”.
Yohji conhecia bem esse problema. Claro, ele caíra nessa armadilha e escapou dela, quando aprendeu a aceitar seu estilo.
“De repente a prisão de abrira. Isso pra mim é um autor: alguém que, para começar, tem algo a dizer, que sabe se expressar com sua própria voz e que finalmente encontra em si a força e a insolência necessária para se tornar guardião de sua prisão, e não continuar prisioneiro”.
Yohji Yamamoto cidadão do mundo, concede a história da moda e particularmente a toda uma ideologia da costura, o que lhes deve.
“O fato é que nasci no Japão mas jamais me utilizei desse rótulo”.
Yohji Yamamoto, no seu trabalho de autêntico costureiro do cotidiano, é um dos que revolucionaram de maneira mais durável a aparência de homens e mulheres, exprimindo suas incertezas, suas angústias, suas contradições e paixões da época.
Fontes:
- Coleção Universo da Moda: Yohji Yamamoto, François Badout;
- Filme: Identidade de Nós Mesmos, de Wim Wenders;
Site Oficial: http://www.yohjiyamamoto.co.jp/
Mariá
3 comentários:
Lembro de ter visto um filme com ele durante o curso... Eu gosto!!
Ah!!Amei o post com os gatos do "kings of Leon" DIGNO!!
Eu sou muito fã dele
o filme do Wim Wenders é muito bom
eu vi um bom pedaço do filme do win, bem pensante... aliás, como tudo que o wim faz
mas agora, falando do yohji, maravilhoso também, sofisticação inteligente
mas mudando de assunto... quando vamos ter o trabalho da Mariá exposto por aqui? acho que deveria expor pra gente :)
beijo grand
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