Agora me digam se é a isso que se presta nosso gosto pela moda, quer dizer, é importante que nosso blog discuta a que(m) e como serve esse nosso gosto pela moda, na medida em que ele vem sendo pilar de 'argumentos' esdrúxulos de discursos ideológicos como o do 'jornalista' Alcino Leite Neto.
Quero dizer, quais são os pressupostos das blogueiras e blogueiros que escrevem para o C&O? Ao lermos reportagens como essa publicada pela Folha, nossa opinião e a opinião de nossos leitores e leitoras estão alinhadas com esse tipo de disparate sustentado com supostos argumentos de defesa da moda brasileira?
O que estou querendo dizer é que um blog de pessoas pensantes como o nosso precisa deixar claro a que serve nosso gosto pela moda, sempre de maneira a construir uma visão crítica com nossos leitores e leitoras a respeito desse campo que tanto prezamos, afinal, não raro há uma linha tênue entre ele e a discriminação e a legitimação de discursos ideológicos.
Vocês realmente concordam que a presidenta está prejudicando a moda brasileira ao usar seu modelito da posse? Eu acho que não, e acho ainda mais ridículo empregar a moda pra legitimar discursos que, no fundo, estão mesmo interessados em influenciar a opinião das pessoas contra esse ou aquele governo. Nada contra a crítica do governo, desde que ela não venha disfarçada sob tão estúpidos argumentos, e principalmente se apropriando de campos como a moda pra fazer isso! Então, digam-me o que lhes parece!
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DA PUBLIFOLHA
Ter uma mulher na Presidência da República é uma espécie de revolução para um país cujo passado patriarcal é dos mais pesados.
Dessa perspectiva, parece fútil tratar da relação de Dilma Roussef com a moda. No entanto, eis um pequeno tema que deverá estar presente nos quatro anos de governo.
Antes que me acusem de sexista, gostaria de deixar claro que não estou preocupado com o estilo da presidente. O que me interessa é a decisão que tomou de vestir na posse uma roupa feita por uma costureira particular pouco conhecida, e não um modelo criado por algum dos principais criadores ou grifes brasileiros.
A escolha de Dilma representa um baque para as marcas nacionais de moda. Há décadas, estilistas e empresários vêm se empenhando em criar um prêt-à-porter brasileiro de prestígio, nos moldes do que ocorreu na França, na Itália e nos EUA.
Naqueles países, a indústria de moda é bastante forte, uma empregadora de peso e uma poderosa fonte de riqueza. Não é à toa que Michelle Obama elege cautelosamente a grife americana que vai vesti-la em eventos expressivos. O mesmo faz Carla Bruni, ao selecionar seus trajes entre as famosas "maisons" francesas.
Nas escolhas dessas primeiras-damas, está em jogo não apenas a elegância, mas também o compromisso com um extrato da economia de seus países.
É certo que Dilma optou por uma roupa brasileira, feita com toda dignidade pela gaúcha Luisa Stadtlander. Agindo assim, entretanto, acabou por colocar em xeque a relevância das grifes nacionais de prêt-à-porter e de luxo, bem como o projeto que elas mantêm de modernizar o design, a produção e o consumo no Brasil.
A decisão da presidente demonstra outras três coisas: que os celebrados estilistas nacionais não estão aptos a agradar mulheres "reais" como ela; que a política de afirmação do prestígio das grifes está muito longe de se efetivar no país; e que a indústria de moda brasileira, enfim, parece não ser um assunto significativo para a Presidência da República.
Folha de S.Paulo - Análise: Look da presidente põe em xeque projeto de prêt-à-porter brasileiro de prestígio - 09/01/2011
Look da presidente põe em xeque projeto de prêt-à-porter brasileiro de prestígioALCINO LEITE NETO
EDITOR DA PUBLIFOLHA
Ter uma mulher na Presidência da República é uma espécie de revolução para um país cujo passado patriarcal é dos mais pesados.
Dessa perspectiva, parece fútil tratar da relação de Dilma Roussef com a moda. No entanto, eis um pequeno tema que deverá estar presente nos quatro anos de governo.
Antes que me acusem de sexista, gostaria de deixar claro que não estou preocupado com o estilo da presidente. O que me interessa é a decisão que tomou de vestir na posse uma roupa feita por uma costureira particular pouco conhecida, e não um modelo criado por algum dos principais criadores ou grifes brasileiros.
A escolha de Dilma representa um baque para as marcas nacionais de moda. Há décadas, estilistas e empresários vêm se empenhando em criar um prêt-à-porter brasileiro de prestígio, nos moldes do que ocorreu na França, na Itália e nos EUA.
Naqueles países, a indústria de moda é bastante forte, uma empregadora de peso e uma poderosa fonte de riqueza. Não é à toa que Michelle Obama elege cautelosamente a grife americana que vai vesti-la em eventos expressivos. O mesmo faz Carla Bruni, ao selecionar seus trajes entre as famosas "maisons" francesas.
Nas escolhas dessas primeiras-damas, está em jogo não apenas a elegância, mas também o compromisso com um extrato da economia de seus países.
É certo que Dilma optou por uma roupa brasileira, feita com toda dignidade pela gaúcha Luisa Stadtlander. Agindo assim, entretanto, acabou por colocar em xeque a relevância das grifes nacionais de prêt-à-porter e de luxo, bem como o projeto que elas mantêm de modernizar o design, a produção e o consumo no Brasil.
A decisão da presidente demonstra outras três coisas: que os celebrados estilistas nacionais não estão aptos a agradar mulheres "reais" como ela; que a política de afirmação do prestígio das grifes está muito longe de se efetivar no país; e que a indústria de moda brasileira, enfim, parece não ser um assunto significativo para a Presidência da República.
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Jana
5 comentários:
Concordo Jana, só podia ser a Folha mesmo. O discurso do jornalista é baixo e sem sentido.
Na questão de moda, temos que lembrar que o estilista que vestiu a presidenta durante a campanha é o maior nome da moda brasileira lá fora: Alexandre Herchcovitch.
Acho ainda que o Brasil busca seu espaço no mundo da moda, e pra isso precisa de uma identidade. Nossa presidenta escolheu muito bem, a estilista era gaúcha e o RS é a terra que Dilma escolheu para recomeçar a vida após os anos de repressão.
E mais, a moda é considerada freqüentemente superficial. E o nosso blog quer dar a chance dos nossos leitores verem o contrário. Afinal, moda não é só glamour e preços altos.
Concordo com o que a mariah falou, a moda não é só glamour e preços altos, todos que trabalham com moda procuram seu espaço. Mais importante que o que ela veste, é o que ela pensa e o que ela faz ou irá fazer.
As pessoas encaram a moda de uma maneira tão vazia que se acham na liberdade de poder atingir tudo e todos dentro desse pretexto. Reportagem bem ridicula e superficial
Não é novidade, pelo menos pras pessoas que ajudam a construir o blog, que eu não entendo muito sobre moda e nem sou muito chegado no assunto. Isso não significa que eu desconsidere seu valor e significado, seja na esfera cultural ou econômica.
A opinião do jornalista realmente foi bem nojentinha: julgou o gosto da presidente. Foda-se se a estilista é renomada ou não,a roupa agradou a Dilma e a maioria das pessoas que alí estavam.
De qualquer forma eu arrisco sugerir o motivo desse comentário: a folha, assim como outros veículos, tem muitos clientes "importantes". Provavelmente ele teve de fazer esse comentário pra despertar a atenção para os estilistas e grifes destacados no cenário mundial, para que alguém se compadeça deles, coitadinhos!
Mesmo assim duvido que esta não seja a opinião triste e real dele.
Entendendo ou não de moda eu acho que o Brasil não precisa, digamos "se exibir" pro estrangeiro pra provar sua grandeza. E isso vale pra todo tipo de arte.
Ok pessoas, estamos todos certos aqui, concordo com tudo que já foi dito.
Vale lembrar de duas coisas:
* jornalismo em empresas "tradicionais" sempre terá grande pressão da opinião dos seus anunciantes, que no caso da Follha são realmente grandes.
* A Folha de São Paulo têm credibilidade pelo tempo de existência e por algumas louváveis reportagens publicadas em tempos passados. Porém, na minha opinião a credibilidade é comparável à revista Veja, ou seja, nenhuma.
Ainda lembro de outra coisa que me chamou atenção foi o comentário idiota em um programa, arrisco dizer, mais idiota ainda. No Saia Justa do canal pago GNT (pertence a Globo) alguém fez o comentário de que o traje da presidenta foi feito por "ninguém". Agora quando Michelle Obama escolhe um estilista menos conhecido é aclamada por ajudá-lo a ascender na escalada da alta costura, se a Dilma faz isso é apedrejada com as mais duras críticas. apoio a presidenta na escolha de suas roupas, todo mundo deveria saber o quanto a roupa influí na confiança pessoal, e ela escolheu algo confortável e adequado para sua idade e formato de corpo.
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