O nouvelle vague foi o mais importante movimento cinematográfico francês. Representado por nomes como de Jean-Luc Godard, François Truffaut, Claude Chabrol, Alan Resnais, Jacques Rivette e Eric Rohmer.
Mas não é sobre o nouvelle vague que vamos falar por enquanto, e sim sobre uma instituição comportamental estabelecida por esse movimento e como ela se estendeu ao longo dos anos no cinema. Estamos falando do amor a três, o ménage à trois.
Jules e Jim - Uma Mulher para Dois (1962, François Truffaut)
François Truffaut criou um dos maiores clássicos do nouvelle vague. Jules e Jim (Oskar Werner e Henri Serre) são dois amigos que se apaixonam pela mesma mulher Catherine (Jeanne Moreau), que se casa com Jules, mas após um reencontro, se apaixona por Jim.
Uma história encantadora sobre amor e amizade. É uma das obras preferidas de Truffaut que fez o filme para celebrar tudo aquilo que é o amor - a felicidade e o medo, a angústia e a euforia. O filme transpira o espírito libertário e de amor livre que os jovens viviam nos anos 60.
Bande à Part (1964, Jean-Luc Godard)
Um dos maiores nomes do nouvelle vague, Jean-Luc Godard, difere do tradicional e exala frescor e despretensão sem esquecer do experimentalismo.
Dois rapazes, Franz (Sami Frey) e Arthur (Claude Brasseur), tentam convencer uma garota, Odile (Anna Karina), a furtar uma quantia em dinheiro guardada no quarto do patrão, enquanto os três flertam entre si.
Uma Homenagem de Godard aos filmes de gângster que o diretor era apaixonado, sempre rompendo com a ideia de realismo do cinema comercial. Um dos filmes preferidos de Quentin Tarantino e influência fundamental para sua principal obra, Pulp Fiction (1994), que apresenta inúmeras referências que você pode não notar à obra de Godard.
Os Sonhadores (2003, Bernardo Bertolucci)
Matthew (Michael Pitt) é um jovem que, em 1968, vai estudar em Paris. Lá ele conhece os irmãos gêmeos Isabelle (Eva Green) e Theo (Louis Garrel). Os três logo se tornam amigos, dividindo experiências e relacionamentos enquanto Paris vive a efervescência da revolução estudantil.
A Paris em maio de 1968 torna-se palco para um intenso e polêmico "ménage a trois" adolescente bem ao gosto do diretor do famoso O Último Tango em Paris.
Um banquete para os cinéfilos, Bertolucci flerta com temas polêmicos com muito bom gosto e segurança narrativa. Janis Joplin, Bob Dylan, Jimi Hendrix e The Doors embalam impecavelmente a utopia que o mundo sonhava e, nesse filme, Bertolucci realiza.
Vicky Cristina Barcelona (2008, Woody Allen)
Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson), jovens americanas, viajam de férias para Barcelona. Vicky é sensata e está prestes a se casar; Cristina é impulsiva e curte aventuras amorosas. Ao conhecer o sensual pintor Juan Antonio (Javier Bardem) numa galeria, Cristina se sente imediatamente atraída por ele. Seu interesse só aumenta quando fica sabendo que ele tem uma relação intempestiva com a ex-mulher, Maria Elena (Penélope Cruz). Juan convida as duas para um fim-de-semana na montanha, bebendo e fazendo amor. Vicky fica horrorizada, mas Cristina a persuade de entrar na aventura.
Com atuação brilhante do elenco, Woody Allen volta a trabalhar as angústias e inseguranças relacionadas ao sexo e ao amor (como em seu clássico Manhattan) criando uma variação de um verdadeiro emblema do filmes franceses do nouvelle vague, o ménage à trois. Outro destaque está na fotografia de Javier Aguirresarobe.
Canções de Amor (2007, Christophe Honoré)
Ismaël (Louis Garrel) perambula sem direção por Paris. Erwann (Grégoire Leprince-Ringuet) apressa um pouco seu passo. Já Jeanne (Chiara Mastroianni) é condenada à imobilidade e Alice (Clotilde Hesme) anda ao lado de Ismaël, mas ela resolve se afastar do seu caminho para seguir outra história, agora com o rapaz bretão que acaba de conhecer.
Musical atrevido que promove arrojado estudo da sexualidade jovem no século XXI através do conhecido ménage à trois. O filme chama a atenção por virar uma exceção no panorama atual do gênero. Para a maioria dos críticos, Christophe Honoré é o maior herdeiro do movimento nouvelle vague francês.
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O Brasil também se aventurou na temática, embora não tenha influência do movimento nouvelle vague.
Quem nunca ouviu falar do filme de Bruno Barreto, Dona Flor e Seus Dois Maridos, hein? E ainda tem o divertido Caramuru - A Invenção do Brasil de Guel Arraes e o denso Cidade Baixa de Sérgio Machado.
E você, qual desses é o seu preferido? Quais outros você conhece e acha que deveriam estar na lista? Comente e conte pra gente.
Créditos: Cineplayers e Cine Repórter
Mariah